Eduardinho
Acho que ele não imaginou que a minha reacção fosse a que foi quando me disse que o EPC tinha morrido. As pernas a fraquejarem nos joelhos e o queixo que me começou a tremer incontrolavelmente até os olhos rebentarem com lágrimas inesperadas. Porque de facto ninguém compreende uma ligação destas com quem não nunca se conheceu. Já uma vez me tinha acontecido o mesmo, mas de felicidade, ao pé do coliseu, quando estava a jantar em família e ele passou com uma modelo alteirona de braço na cintura. Foi uma emoção que só visto.
Não sei como começou nem como cresceu. Foi certamente a admiração da escrita redonda e a constância da crónica na última página do Público. Revi-me em alguém que disse em tempos que enquanto os amigos gastavam uma fortuna no psicanalista ele se limitava a ler a crónica e isso era suficiente para se sentir acompanhado nas coisas do dia-a-dia.
Ele o disse: 'Tornamo-nos amigos de pessoas que não conhecemos, porque um dia descobrimos um livro delas. '
O problema deste gostar tão cheio é que nos parece que ninguém escreve ou diz alguma coisa que lhe faça jus na sua despedida
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