O meu filho fica melhor na casa da avó; brinca mais contente, anda mais bem disposto e cresce melhor. Em nossa casa, anda sorumbático e não sabe brincar, só ver televisão. É da rotina de qualidade, da paciência ou do bom astral?
Uma avó que não pode ver trabalho por fazer e anda sempre dum lado para outro sem parar, é insubstituível.
Pois.... Portanto....
O colar da loja baratucha custava 1500€ e o da Kate Spade 575$. That goes to show you!
Apesar de tudo foi um dia bom porque me deram a descobrir dois blogs bons - 'Lady oh my Dog' e 'Take us to Bruges' e porque me pareceu ver na montra de uma ourivesaria baratucha um colar do género de um muuuuuiiiito caro na Kate Spade. Ah, ah, ah!
Já com a chave da casa nova do mano lá fômos nós agora vê-la em vazio. Não é linda mas é gira e principalmente tem todo o ar de ter crescido com o cuidado de quem lá mora. Com puxadores diferentes nos roupeiros e nas portas, com batentes e armários pintados. Enfim, tudo o que a minha não é.
Fomos passar férias a Odeceixe que eu andei convencida que se escreveria Odeseixe - palermice óbvia porque um 's' entre duas vogais tem valor de 'z'. Andei assim enganada de férias em Odezeixe apesar de pronunciar correctamente.
Na mesma linha, lembrei-me da superioridade que senti quando fui para o Ciclo Preparatório e vi as paredes pintadas com a palavra 'mijar' e pensei que todos eram burros visto que a palavra se escrevia 'mixar' - não consigo explicar.
Debaixo do braço depois da visita aos amigos que mais aproveitam a vida sem qualquer peso na consciência trouxe o 'Rebeca nome de código' que na realidade tem outro nome. Lembro-me de ver a série num qualquer dia semanal à noite e quando chegou ao fim dizer que tinha sido inesperado, respondendo a minha mãe 'mas ele era mau tinha que morrer'. Nunca mais me voltei a aperceber tão bem que o ponto de vista de que se conta a história é o mais importante para determinar a nossa vontade.
Da Amazon ainda encomendei os dois 'Love on a branch line' e 'My family and other animals'. Pergunto-me se mais alguma vez me sentirei tão presa a séries de televisão.
À noite fugimos da polícia que fazia uma operação STOP; carregou no acelerador, enfiou-se numa entrada de garagem e mudou de lugar comigo. Tudo enquanto a polícia passava na estrada de sirenes a apitar.
Detive-me nuns ex-colegas que vivem em Hong-Kong e que diziam no seu blog 'após 2 anos vamos passar um Natal tradicional com a família'.
Ouço Massive Attack e Everything but the Girl.
Ontem em casa da Zein, voltei a verificar que ser anfitrião/ã dá muito trabalho e que criar e manter uma rede de contactos alargada, interessante e sustentada não é fácil. Ou seja, não trabalha mas farta-se de trabalhar, é o que eu digo!
Lembro-me de ficar chocada quando me disseram que a Graça Morais era casada com o Pedro Caldeira (o fraudulento) e do alívio quando soube que era do Pedro Caldeira Cabral (o músico) que falavam.
Assisti a um acidente ao vivo, ao meu lado, quando entrava na 2ª Circular. Um carro pequenino enfaixado na frente de um camião enorme, e a senhora que ia a conduzir com as toneladas de ferro em cima, de mãos erguidas, com o esgar de terror na cara. O medo estampado no rosto.
À tarde liguei à Verónica, com o número que têve que se pedir ao Leo; ficou contente ela e eu também.
Ao lanche, dizia o Belarmino assim 'O que é extraordinário é que houve tanta coisa que correu menos bem no ano que passaste na India e mesmo assim vieste tão positiva, mais marcada pelas coisas boas'.
O problema de ter os discursos preparados para uma determinada expectativa é que quando as coisas correm de maneira (muito) diferente do esperado se fica sem palavras e sem fio de conversa. Claro que podia ter continuado a dizer que a avaliação era injusta mas isso era exacerbar o provável sentimento já existente de que sou amalucada.
De boca aberta lá fui ouvindo os elogios e acenando com a cabeça e pensando que é nutsy não sou eu, se acaba por ser essa a avaliação. O reverso da medalha é o sentimento de culpa de ter decidido seguir um caminho diferente também por causa do que é o dia a dia.
Posto que está mais ou menos tomada a decisão de prosseguir por outras bandas passo o tempo à caça de uma escola boa e ao pé de casa (sendo que ainda não têmos casa).
Quando, na folia de o vestir de manhã, lhe perguntei se preferia um mano ou uma mana, respondeu um cão.
Encontro inesperado na tarde de domingo no parque infantil com a Isabel Natário. Tão diferente e tão na mesma (ainda me lembro dos comentários descabidos que fazia em alguns jantares), grande, vestida à velha e de cabeça pequenina. À resposta de Vodafone quanto ao sítio onde trabalho reage com surpresa 'Ah! Mas tu não és de electrotecnia, nem de telecomunicações...' 'Pois não, estou no marketing', 'Ah bom, és vendedora!'
E assim se sabe de que pessoas as empresas são feitas!
www.marthaevatt.com/
http://www.rikshawdesign.com/
Uma tarefa por dia nem sabe o bem que lhe fazia:
* Encontrar o site dos idolos indianos
* Encontrar o site da árvore genealógica que é ainda mais importante quando metade da família vive longe
* Moldes para o cinto da Toile de Jouyi
* Ligar para a Citronelle
No Lidl de Alverca, uma menina de aspecto muçulmano chamada Noori, pôs-se ao pé do Neelu e disse de sorriso rasgado ‘A pele dele é da cor da minha!’
Quando lhe disse que se mantinha sempre bem, tão elegante, respondeu-me com um sorriso orgulhoso que tinha emagrecido 10kg. Também me contou que se deitava tarde porque andava a escrever as suas memórias e que ia reformular a casa do Fundão porque aquilo assim não andava bem; uma biblioteca para onde dessem três quartos; mais um quarto de hóspedes para as visitas inesperadas e tirar banheiras para colocar polibans que isto a idade não se compadece das quedas.
Vivam os 90!
Na festa de anos do Belarmino voltei a provar e a adorar (e o Neelu também) o Pudim de Beringelas da D.Judite, que desta vez não se fez muito rogada a partilhar a receita.
1. Descascam-se as beringelas, que se cortam em rodelas e se deixam de molho em água salgada, 1 hora pouco mais ou menos.
2. Secam-se em papel absorvente e passam-se por farinha e ovo e fritam-se.
3. Faz-se um molho de tomate apuradinho, com muitos oregãos.
4. Num tabuleiro, alternam-se camadas de molho de tomate beringelas fritas, terminando com uma de tomate.
5. Vai ao forno
E Bom Proveito, que é uma delícia!
Levantei-me passava pouco das duas da manhã e fiz um ovo estrelado com queijo mozarella ralado e batata frita palha; depois vi um episódio dos casos arquivados e finalmente deitei-me a ler o policial.
E entretanto procuro no google como fazer nutella em casa, sarees de block print e espero ansiosa que me respondam da Citronelle sobre os moldes que foram expedidos indevidamente para França.
Tem que haver mais do que isto. A minha cabeça fervilha com ideias de cá e de lá mas todas, todas, sem excepção, longe daqui. Ainda me espanto com a simplicidade que vende (cf Catarina Perestrelo Concierge Services).
Do Elephants wear linen?
Das ideias que vou tendo, incomoda-me que me apoie no ocidentalismo consumista e careiro para poder ter a vida que quero lá fora, quando aquilo de que mais gostei foi mesmo a simplicidade e o não materialismo (embora para ser franca, um bocadinho mais de materialismo no universo infantil não me incomodasse).
Num universo egoista sonho com tempo para passeios, muitos livros e muita paciência para ajudar a fazer crescer.
Crescer um ou crescer dois? Daqui por 1 semana já se sabe.
Na casa pequenina, de qualidade média, no bairro pouco interessante, passei noites mais descansadas a ler livros e a ouvir a minha música, do que agora nesta casa grande, fina e no bairro beto.
(ontem, com banda sonora do 'In the mood for love' e 'Lulu on the bridge', o sentimento não foi o mesmo que guardava na minha memória)
Para além das questões óbvias também me pergunto como é que vou poder levar todos os meus livros e revistas, sem os quais não passo? É que a música ainda a passo para o disco mas os livros... ai os livros!
Ao final da tarde o David mostrava ao Neelu uma fotografia do Belito comigo e com o Bão e explicava-lhe 'Olha Neelu, é o António' O Bao explicou que era o Avô Manuel mas ele ficou sempre na dúvida que seria mesmo o António.
Um suco de abacaxi com hortelã; uma salada de tomate 'que eu própria tempero'
Uma salada com tomate, alface, rúcula e endívia se tiver, que eu tempero com sal e azeite no lugar.
Uma tigela de rodelas de pepino e delícias do mar.
Não se compara com a quantidade de chocolates e outras porcarias que como diariamente
Perdi o início, meio e quase fim de mais uma novela do Manoel Carlos. Sou como o EPC, poucas coisas me relaxam tanto como ver novelas. E as do MC têm a vantagem de ser bastante educativas. Sensibilização das massas!
Disponível no YouTube!
Olhando para a foto, linda tão linda, nossa de há quase 1 ano e 9 meses, disse-me ela assim 'tinhas um ar tão gaiato e bem... agora andas sempre zangada com a vida!' É isto um sinal de que deveria voltar?
Quando pensamos que o início foi na cama de perna estendida e que o início do pequenino foi com o R. em Deli dá para pensar porque é que as lembranças são tão boas. É só nostalgia ou é mesmo mais do que isso? É esse o meu caminho?
Agora a sério... acho admirável a consistência com que algumas pessoas conseguem fazer aquilo a que eu me propus e em que falhei miseravelmente!
E pega logo o pensamento, se eu estivesse longe é que era! Mas não é nada!
Bah!
Sonhei que tínhamos ficado com a casa da Sara e do Xavier e que eu, zangada, lhes dizia que tinham fechado a ligação entre a sala e a cozinha.
Encontrei à distância, no café, o senhor do 8º andar a tomar o pequeno almoço com a família - mulher e 4 filhos adolescentes ou menos - animados, conversantes e entusiasmados. Na fila para pagar, perguntou o empregado do café 'Olá Sr Dr, tudo bem?' e responde ele 'Bem vê, já tenho a minha prole de volta e toda junta, agora estou mesmo bem'.
Ao jantar contava eu que tinha visto um filme óptimo, óptimo, óptimo - Um homem sério dos irmãos Cohen, e que estava a ler um livro com um entusiasmo que há muito não sentia - The unknown errors of our lives.
E diz ele 'Então está a ser um bom período não é?'
Quem me conhece sabe bem o que me levanta a moral
Quando olho para trás e vejo algumas das coisas que fiz quando cheguei e aquilo que faço agora, vejo como é fácil ser assimilado pelo sistema e passarmos a fazer parte da paisagem. Cheguei a fazer e a preparar reuniões, a ver apresentações e até a fazer debriefs depois de reuniões mais acima. Agora sou um marasmo igual ao que se me sobrepõe.
Quando disse que tinha sonhado com a D Dores e o cheiro da sua papelaria quando ia comprar cadernos do Paddington menti. Pensei nela. Bem acordada. Penso sempre numa vida mais simples.
Lembro-me do tio Lourenço dizer que era lá que comprava os policiais da colecção Vampiro.
Perguntei-lhe, curiosa e invejando em antecipação a organização e imaginação do que me ia contar - os regulares planos de fim de semana com o seu pequenino. Mas quando me contou que até já tinha feito périplo dos transportes - eléctrico, metro, autocarro e tinha planeado uma viagem de comboio -só consegui pensar que essa é a realidade de muitas mães e pais. Dias longos, viagens em pé e uma criança pela mão para quem um carro, com cadeirinha no banco de trás seria o programa de fim de semana. Falta-nos tanta eduação para a realidade.
No estudo dos cognomes dos reis portugueses, dei a seguinte dica adicional à Mariana, relativamente a D.Luís I - 'É o bolo preferido da Avó Bina'.
O sentimento que tive em l'Aquila, há tantos anos, quando comemos bacalhau com natas em casa da AES, servido com uma escumadeira, voltei a tê-lo no sábado.
A mãe do Belarmino, senhora antiga, pesada e um pouco barbada, disse-me um dia de lágrimas nos olhos 'Poderão dizer que foram tão felizes como eu, mas niguém poderá dizer que foi mais feliz do que eu.'
Assim sou eu; já antes o disse aqui. Da minha infância ficam-me os tempos de aprender a andar de bicicleta no bocado do quintal que era do Guilherme Luís e das curvas dos canteiros que invariavelmente me deixavam arranhões e nódoas negras. Ficam-me as papinhas feitas de folhas e terra, ao lado da capoeira, sentada no chão a alimentar bonecos e bonecas. Fica-me a minha boneca preferida que já não tinha calcanhares e a quem eu vestia vestidos de noite feitos com as meias velhas do meu pai. A alegria de um pão de ló feito no púcaro de esmalte só para mim, ao lanche, porque o outro, grande, era para o jantar. Domingos a limpar o quarto enquanto o meu pai ouvia a TSF na sala. Almoços de fim de semana, com o sol a bater de esguelha na mesa. A lembrança de namorar ao telefone, fechada na despensa, enquanto bebia leite condensado pela lata. Noites no Algarve em que combinava ir levar o lixo ao mesmo tempo para ainda falarmos mais um bocadinho.
Nunca tive tanto como agora e nunca mais criei memórias tão felizes como estas.
Perguntavas-me o que fazia com o tempo livre... Levantava-me e tomava pequeno almoço com o sol a entrar pela janela; umas vezes comíamos papa, outras iogurte, outras pão com manteiga e até aprendia a fazer umas indianices. Íamos para a escola, sem pressas, a ver o que havia à nossa volta - umas vezes carros, outras vezes joaninhas e azedas que até podíamos chupar pelo caminho. Depois se calhar ia à biblioteca, sabes que gostava de montar um projecto de leituras encenadas para crianças? A leitura é um prazer mas tem que ser ensinada e nos tempos que correm é necessário aprender a imaginar.
Tratava da minha India, que por acaso até é a nossa, no site, no telefone e a bater os pés pelas calçadas.
Também tenho muito para escrever e até tenho ideias para um programa de rádio em conjunto com outras pessoas.
Depois já era tempo de voltar à escola e ir buscar o meu amigo. Brincávamos e aprendíamos enquanto te esperávamos.
No meio das arrumações descubro cartões com listas. Completa mas tão desactualizada dos desejos actuais:
Antes, via antes de sair de casa e ouvia no carro quando voltava para casa. Agora que a vida mudou, vejo e ouço online enquanto ele faz a sesta. Mas só uma vez na semana.
